quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Ler e escrever na era digital
A transição para a era digital é
a mais radical transformação da nossa história intelectual desde a invenção do
alfabeto grego. Sim, o momento é histórico: há mudanças profundas na leitura,
na escrita - e talvez até dentro do cérebro humano.
Revista Veja - por André Petry
Sócrates. o homem mais sábio de todos os tempos, estava enganado. Com a
genial invenção das vogais no alfabeto grego, a escrita estava se disseminando
pela Grécia antiga - e Sócrates temia um desastre. Apreciador da linguagem
oral, achava que só o diálogo, a retórica, o discurso, só a palavra falada
estimulava o questionamento e a memória, os únicos caminhos que conduziam ao
conhecimento profundo, à sabedoria. Temia que os jovens atenienses, com o recurso
fácil da escrita e da leitura, deixassem de exercitar a memória e, como a
palavra escrita não fala, perdessem o hábito de questionar. Sua mais conhecida
diatribe contra a escrita está em Fedro, de Platão, seu fiel seguidor. Ali,
Sócrates diz que a escrita daria aos discípulos "não a verdade, mas a
aparência de verdade". O grande filósofo intuiu que a transição da
linguagem oral para a escrita seria uma revolução. Foi mesmo, só que numa
direção promissora. Permitiu o mais esplêndido salto intelectual da
civilização ocidental.
Agora, 2500 anos depois, estamos às voltas com outra transição revolucionária.
Da cultura escrita para a digital, há uma mudança de fundamento como não ocorre
há milênios. A forma física que o texto adquire num papiro de 3000 anos antes
de Cristo ou numa folha de papel da semana passada não é essencialmente
distinta. Nos dois casos, existem enormes diferenças de qualidade e clareza,
mas é sempre tinta sobre uma superfície maleável. Na era digital, a mudança é
radical. O livro eletrônico oferece uma experiência visual e tátil inteiramente
diversa. É uma outra forma. Como diz o francês Roger Chartier, professor do
College de France e especialista na história do livro, "a forma afeta o
conteúdo". A era digital, sustenta ele, nos fará desenvolver uma nova relação
com a palavra escrita. Para a neurocientista Maryanne Wolf, amora de Prousr e
a Lula, um
livraço sobre o impacto da leitura no
cérebro, o momento atual é tão singular quanto o da Grécia:
"Como os gregos antigos, vivemos uma transição dramaticamente importante
no nosso caso, de uma cultura escrita para uma cultura mais digital e
visual".
Há séculos que. depois da argila, do papiro e do pergaminho, a
humanidade transmite conhecimento no papel. Dos livros manuscritos pelos monges
medievais à página enviada por fax, era sempre papel. Lentamente, escrita e
leitura passaram a se dar através de telas de vidro - mais propriamente de cristal
líquido, de diodos emissores de luz. Começaram a sair livros para leitrura em palmtop, ainda nos anos 90, quando já
era possível lê-los no computador e em laptop. Depois vieram os smartphones. Por fim, os tablets e os leitores eletrônicos. Desses
que acabam de chegar ao mercado brasileiro: Kobo, Kindle, Google Play. Nos
países ricos, a transição está mais avançada. Desde o ano passado, a Amazon,
um mamute do varejo on-line, já vende mais livros digitais do que livros
físicos no mercado americano. Na Inglaterra, a virada aconteceu em agosto, em
grande parte em razão da acolhida estrondosa de Cinquenta
Tons de Cinza. de E.L.
James, que vendeu 2 milhões de exemplares eletrônicos em quatro meses. Na
Alemanha, o ano deverá fechar com a venda de 800000 leitores eletrônicos e tablets, o triplo em relação a 2011. Sob
qualquer ângulo que se examine o cenário. é um momento histórico. Fazia mais de
quatro milênios, desde que os gregos criaram as vogais - o "aleph' semítico era uma consoante, que
virou o "alfa" dos gregos e depois o "a" do nosso
alfabeto latino -, que o ato de ler e escrever não sofria tamanho impacto
cognitivo. Havia mais de cinco séculos, desde os tipos móveis de Gutenberg, o
livro não recebia intervenção tecnológica tão significativa.
Na era do pós-papel, a leitura, antes um aro solitário por excelência,
está virando outra coisa. O Kindle, da Amazon, tem um dispositivo que exibe os
trechos do livro sublinhados por outros leitores. Informa até quantos o
fizeram. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, por
exemplo, cinco leitores assinalaram uma frase do probo Jacó que não era
Medeiros, nem Valadares ou Rodrigues, era Tavares, na qual ele se desculpa por
mentir porque "a paz das cidades só se podia obter à custa de embaçadelas
recíprocas". Logo será possível entrar em contato com esses leitores,
mandar-Ihes um e-mail. O pesquisador Bob Stein, fundador de uma entidade
que estuda o futuro do livro, diz que a leitura solitária será substituída por
uma atividade comunitária eletronicamente conectada. É o que ele chama de
"leitura e escrita sociais".
Já existem "livros enriquecidos", que trazem trilha sonora,
vídeos e fotografias, novidades já disponíveis no Brasil. Na Inglaterra, a
edição enriquecida de Aventuras de Sherlock Holmes emite sons - gritos, trovões,
ventos uivantes - à medida que o leitor avança nas páginas. Tudo é acionado
automaticamente. Uma edição de On the Road (Na Estrada), clássico de Jack
Kerouac, traz mapa, biografias, fotos e um áudio de quase dezessete minutos do
autor lendo um trecho do livro, de origem até hoje desconhecida. É um
aplicativo para tablet. A "versão enriquecida" de um livro é uma
tolice para quem arar as 1500 páginas de Guerra e Paz, mas é excelente como material
de pesquisa, fonte documental.
Até os segredos da leitura, antes indevassáveis na mente do leitor,
agora estão sendo revelados. Amazon, Apple e Google espiam o leitor a qualquer
hora. Sabem quantas páginas foram lidas, o tempo consumido, os títulos
preferidos. A Bames & Noble, a maior cadeia de livrarias dos Estados
Unidos, analisando dados colhidos pelo seu leitor eletrônico, O Nook, descobriu
que livros de não ficção são lidos de modo intermitente. Os romances, não.
Leitores de policiais são mais rápidos que os de ficção literária. São
informações, impensáveis no mundo do papel, que revelam hábitos de leitura
e vão abastecer as editoras para atender ao gosto do público. Nos EUA, já
existe um movimento de "proteção da privacidade do leitor", destinado
a disciplinar ate onde as editoras podem ir. No tempo do papel - é ainda o
tempo de hoje, mas é cada vez mais um tempo passado - a única forma de espiar a mente de um leitor era
por meio da leitura furtiva de uma anotação manuscrita na margem da página de
um livro perdido num sebo. Parece que faz décadas.
O ofício do escritor - pelo menos daquele escritor que está abaixo dos
palhaços mas acima das focas amestradas, como diria John Steinbeck - também
passa por uma metamorfose. Há editoras que já testam livros digitalmente antes
de lançar a versão impressa. A Sourcebooks, de Chicago, divulga a edição
preliminar on-line e pede sugestões aos leitores, as quais os
autores, às vezes, incorporam à versão impressa. A Coliloquy, criada há um
ano, é uma editora digital cuja proposta são livros coletivos, ou
"sociais". Os leitores sugerem personagens e tramas, as preferências
são enviadas ao autor (ou autores), que adapta o texto ao gosto da maioria. Os
leitores palpitam até sobre a aparência dos personagens - cor dos olhos, dos
cabelos, porre físico. O site da Coliloquy diz que "o resultado é uma experiência
narrativa incrivelmente fluida e imersiva". É um self-service literário. Daí não se espera
nenhuma obra-prima, mas quem sabe? Bernard Shaw dizia que "a estrada da
ignorância é pavimentada de bons editores".
A escrita no universo on-line é o próprio portal da estrada da ignorância, com
pontuação de Murphy, siglas leporídeas, exclamações pandêmicas!!! Tudo num
patoá onomatopeico de hehehes e rã-rã-rás enfatizado por LETRAS GRANDONAS
ASSIM. O pior talvez sejam os textos sem carnavalização gráfica. "O texto
no computador fica limpo, organizado, justificado", alerta o professor Robert
Damton, da Universidade Harvard, respeitado historiador cultural. "Fica
tão bem que parece dispensar revisão e pode ser despachado com um clique.
Frequentemente o é, para desgraça de quem preza a clareza e o estilo." A
escrita, qualquer escrita, floresce no mundo digital, mas a leitura, a boa
leitura, murcha.
"Nunca escrevemos tanto", diz a professora Helen Sword,
estudiosa da escrita digital na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia,
"O lado negativo é que muitos habitantes do maravilhoso mundo digital
perderam, ou nunca tiveram, a habilidade de escrever uma prosa com estilo, bem
estruturada," (Helen conta - com espanto - que já viu sua filha,
universitária de 21 anos, lendo Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, num iPod
Touch.)
Para desconforto dos escritores, a vida digital é veloz. Uma história
precisa causar impacto na largada. "Tem de ter sangue na parede já no
fim do segundo parágrafo", diz Lev Grossman, crítico literário da Time. Amores de suspense e mistério
estão sendo duramente exigidos. Antes, um título por ano estava de bom tamanho.
Agora, as editoras acham pouco. Ninguém precisa ser uma pororoca como o
americano James Patterson (um livro por mês, 260 milhões de exemplares
vendidos), mas não se pode mais ficar longe do mercado por muito tempo.
A americana Lisa Scottoline, autora de treze best-sellers, agora lança dois títulos
anuais. Para tanto, entrou em regime de escravidão. Escreve 2000 palavras por
dia, trabalha da manhã à noite e não folga nos fins de semana.
Jonathan Franzen, o romancista americano mais festejado da atualidade,
tem horror a livros digitais. Diz que são qualquer coisa, menos livros.
"Palavras são palavras", discorda Scott Turow, autor de thrillers jurídicos que ocupam o topo das
vendas. "Não sou sentimental em relação ao papel." Turow tem
problema na coluna. Adora não ter de carregar livros pesados. Mas, como
presidente da Authors Guild, a mais antiga entidade de escritores
profissionais dos EUA, Turow está carregando um piano. Critica a pressão pela
redução da remuneração dos autores no formato digital e acusa a Amazon de
"prática predatória", ao vender livro virtual abaixo do custo para
matar livrarias concorrentes e dominar o mercado digital.
A invenção dos tablets e leitores eletrônicos é espetacular. Eles são
fáceis de carregar, têm memória para mais de 1 000 livros, baterias que duram
horas. A cada novo lançamento, ficam mais legíveis. Na tela de um iPad um
livro de arte é uma arte, com cores vivas, nitidez perfeita. Mas, tal como
Sócrates, os estudiosos do nosso tempo estão preocupados com o impacto do
mundo digital na cultura. Um dos primeiros a chamar atenção para a
deterioração da qualidade da leitura foi o critico literário Sven Birkerts,
ainda na década de 90. Birkens percebeu que seus alunos, às voltas com
aparelhos eletrônicos, não conseguiam ler um romance com paciência e
concentração. É fundamental que as novas gerações educadas no digital
sejam capazes de ler bem, ler para imaginar, para refletir e - eis o apogeu e a
glória da leitura - para pensar seus próprios pensamentos.
O temor é que o universo digital, com abundância de informações e
íntermináveis estímulos visuais e sonoros, roube dos jovens a leitura
profunda, a capacidade de entrar no que o grande filósofo Walter Benjamim
chamou de "silêncio exigente do livro". Durante séculos, os livros impressos
foram aperfeiçoados para favorecer a imersão. O tipo de letra, o entrelinhamemo,
os espaços em branco - tudo feito como um delicado 'convite à leitura. São aspectos
relevantes para quem lê e para quem escreve. John Updike achava que seus livros
só faziam sentido se impressos em determinada fonte - a Janson. A leitura on-line, de resolução imprecisa,
luminosidade excessiva e crivada de penduricalhos piscantes, é só distração.
Os leitores eletrônicos estão corrigindo boa parte dessas imperfeições, mas
ainda têm longo caminho a percorrer. Estudo feito pelo professor Terje
Hillesund, da Universidade de Sravanger, na Noruega, mostra que, durante uma
leitura reflexiva, as pessoas gostam de manter os dedos entre as páginas, como
que segurando uma ideia de páginas atrás, para revisitá-la quando quiserem.
Intangível e volátil, o livro digital, neste aspecto, é uma nulidade (por
enquanto).
Leitura profunda não é esnobismo intelectual. E por meio dela que o cérebro
cria poderosos circuitos neuronais. "O homem nasce geneticamente pronto
para ver e para falar, mas não para ler. Ler não é natural. É uma invenção
cultural que precisa ser ensinada ao cérebro", explica a neurocientista
Maryanne Wolf. Para tanto, o cérebro tem de conectar os neurônios responsáveis
pela visão, pela linguagem e pelo conceito. Em suma, precisa redesenhar a
estrutura interna, segundo suas circunstâncias. Um cérebro reorganizado para
ler caracteres chineses ativa áreas que jamais são usadas por um cérebro
educado para ler no alfabeto latino do português. O fascinante é que, ao criar
novos caminhos neuronais, o cérebro expande sua capacidade de pensar,
multiplicando ali possibilidades intelectuais - o que, por sua vez, ajuda a
expandir ainda mais a capacidade de pensar, numa esplêndida dialética em que o
cérebro muda o meio e o meio muda o cérebro. Pesquisadores da área de
neurologia cognitiva investigam se a desatenção intrínseca do digital está
afetando a construção dos circuitos neuronais.
É cedo para saber. Por via das dúvidas, é importante garantir que um
jovem forme circuitos neuronais amplos antes de render-se por completo à
rotina digital. A boa literatura ajuda. É desnecessário fazer pesquisa
científica para descobrir o impacto que nos causa a maestria de Amon Tchekov falando
de uma dama e seu cachorrinho. Mas até existe pesquisa. Em 2008, cientistas da
Universidade de Toronto, no Canadá, reuniram 166 universitários e aplicaram um
teste para avaliar características como extroversão, estabilidade emocional,
afabilidade. Em seguida, dividiram os estudantes em dois grupos. Um grupo foi
convidado a ler "A dama do cachorrinho", de Tchekov, pequena
pérola sobre a angústia e o arrebatamento de um casal de amantes. Outro leu a
mesma história, só que em forma relatorial. Depois, os pesquisadores reaplicaram
o teste. O grupo que lera a prosa de Tchekov mudara significativamente a
percepção sobre suas emoções. O outro, que lera um texto burocrático, mudara
muito menos.
A arte acaricia a alma, prova a pesquisa, mas haverá arte literária na
era do pós-papel? É essencial que jovens digitais, crescidos na era do
"selecione, corte e cole", sejam educados a respeitar a integridade
de um texto. É uma violência tirar um pedaço de O Eterno
Marido, de
Dostoievski, e pôr em Dom Casmurro, de Machado de Assis. Ou "selecionar" um
trecho de Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e "colar" em O Primo
Basilio, de Eça
de Queiroz - por mais semelhança dramática que haja entre essas obras. Nem
tudo o que é bom é interativo. A crítica literária Marjorie Perloff (fã da
poesia concreta brasileira) diz que a tradicional imagem do gênio - a mente
brilhante que refaz o mundo desde seu reconditório - está morta. O excesso de
informação é tal que os novos gênios serão banais, sem originalidade. A genialidade
estará no domínio e distribuição da informação, não na sua reinvenção. Outros,
como o poeta Kenneth Goldsmith, que escreveu um livro sobre o assunto,
sustentam que a colagem, a apropriação - até o plágio, o tripé
"selecione-corte-cole" - serão a tônica na literatura digital. É
assustador.
Mark Twain gostava de arremessar um livro no gato só para ver o bichano
saltar em pânico. O poeta Vinicius de Moraes lia e escrevia na banheira. Para
o argentino Jorge Luis Borges, que morreu cego mas nunca enxergou direito, o
paraíiso não seria feito de jardins e fontes, mas de bibliotecas. Orhan Parnuk,
o turco que ganhou um Nobel, empilha no criado-mudo os clássicos que relê: Anna
Karenina, Os Irmãos
Karamazov e A
Montanha Mágica. Gabriel
García Márquez tem 85 anos, mas, quando jovem, lia algumas páginas de
dicionário todas as manhãs. Tudo isso será história na era digital. Não se
joga tablet no gato. É perigoso levar aparelho eletrônico à
banheira. As bibliotecas mudarão de aparência, talvez fiquem menos
paradisíacas. Os dicionários já estão deixando de ser impressos, pois é mais
fácil atualizá-los digitalmente - e, na nova era. não há o que empilhar no
criado-mudo além de um leitor eletrônico com milímetros de espessura. Mas a
era digital tem um futuro carregado de promessas. Se será estéril (como temia
Sócrates com a escrita) ou se será fértil (como a história se revelou), depende
só de nós.
• "É preciso ser cético,
duvidar."
Na juventude, quando estudava direito, Roberta Shaffer trabalhou na
Biblioteca do Congresso dos EUA, em Washington. Gostou tanto que prometeu
voltar quando estivesse no fim da carreira de advogada. Há sete anos, voltou.
Chama a biblioteca, com seu monumental acervo em mais de 400 idiomas, de
fabuloso exemplo de democracia". Ela responde pela aquisição de acervo.
Leitora voraz, tem um leitor eletrônico, mas gosta mesmo é de livro no papel. A
seguir, sua entrevista.
Veja - O que a senhora acha da leitura
de livros digitais?
Roberta Shaffer - Temos examinado estudos sobre o
impacto da leitura eletrônica no aprendizado. Os estudos ainda não são
numerosos. Mas, até aqui, têm mostrado - e acho que isso vai mudar com o tempo
- que as pessoas extraem mais informação ao ler livros físicos. O olho humano
ainda não está treinado para absorver da tela do computador o mesmo tanto que
absorve do livro de papel. Quando estamos olhando coisas no computador, na
maioria das vezes estamos lidando com material visual ou material pouco denso.
Textos narrativos, técnicos, densos requerem um meio mais estático para a boa
absorção. Mas acreditamos que se trata de uma característica evolucionária. Por
séculos, habituamo-nos à leitura em livros físicos. E só agora, só muito
recentemente, nosso cérebro e nosso nervo óptico estão começando a lidar com
um ambiente diferente. Leva tempo.
Veja - Com o mundo ficando cada vez
mais digital, as pessoas têm vindo menos à Biblioteca do Congresso?
Roberta Shaffer - Infelizmente, o movimento hoje é menor. Mas, além disso, há outra questão que nos preocupa. As pessoas hoje têm uma tendência a confiar em qualquer resultado que a ferramenta de pesquisa Ihes oferece como sendo "a melhor resposta". Isso é preocupante. É a antítese de como a Biblioteca do Congresso gosta de oferecer informação. O conhecimento tem círculos concêntricos e a resposta que oferecemos está no centro do círculo, mas há todo um entorno. Nossa missão é dizer: "Esteja alerta sobre todas as ondulações ao redor da resposta central, todas as ondulações que tiveram impacto ou estão de algum modo relacionadas com o tema da sua pesquisa". Na internet, por exemplo, as pessoas dependem do que Ihes é servido sem saber como a informação foi selecionada. As pessoas não olham para trás. Isso é perigoso. É o que chamamos de "falácia do algoritmo".
Roberta Shaffer - Infelizmente, o movimento hoje é menor. Mas, além disso, há outra questão que nos preocupa. As pessoas hoje têm uma tendência a confiar em qualquer resultado que a ferramenta de pesquisa Ihes oferece como sendo "a melhor resposta". Isso é preocupante. É a antítese de como a Biblioteca do Congresso gosta de oferecer informação. O conhecimento tem círculos concêntricos e a resposta que oferecemos está no centro do círculo, mas há todo um entorno. Nossa missão é dizer: "Esteja alerta sobre todas as ondulações ao redor da resposta central, todas as ondulações que tiveram impacto ou estão de algum modo relacionadas com o tema da sua pesquisa". Na internet, por exemplo, as pessoas dependem do que Ihes é servido sem saber como a informação foi selecionada. As pessoas não olham para trás. Isso é perigoso. É o que chamamos de "falácia do algoritmo".
Veja - É possível reverter essa
tendência apesar da popularização crescente do GoogIe, da Wikipedia?
Roberta Shaffer - Felizmente, sim. A Biblioteca do Congresso nunca esteve envolvida com ensino elementar ou médio. Mas, nos últimos dez anos, passamos a trabalhar com crianças desde o jardim de infância até o último ano do ensino médio. Estamos tentando ensinar aos alunos, desde a mais tenra idade, como é uma boa pesquisa. No site da biblioteca, oferecemos uma série de planos de ensino nos quais mostramos como trabalhar com fontes primárias, o valor de acessar um material original e não já previamente digerido. Tentamos demonstrar que uma mesma palavra pode ter tido um significado no século XIX e outro no século XX. É uma forma de mostrar a importância do contexto. Sobretudo, a ideia é treinar as crianças a não aceitar a primeira resposta que salta na tela do computador. É preciso ser cético, duvidar.
Roberta Shaffer - Felizmente, sim. A Biblioteca do Congresso nunca esteve envolvida com ensino elementar ou médio. Mas, nos últimos dez anos, passamos a trabalhar com crianças desde o jardim de infância até o último ano do ensino médio. Estamos tentando ensinar aos alunos, desde a mais tenra idade, como é uma boa pesquisa. No site da biblioteca, oferecemos uma série de planos de ensino nos quais mostramos como trabalhar com fontes primárias, o valor de acessar um material original e não já previamente digerido. Tentamos demonstrar que uma mesma palavra pode ter tido um significado no século XIX e outro no século XX. É uma forma de mostrar a importância do contexto. Sobretudo, a ideia é treinar as crianças a não aceitar a primeira resposta que salta na tela do computador. É preciso ser cético, duvidar.
Veja - Apesar de tudo, as pessoas estão
lendo mais?
Roberta Shaffer - Temos duas tendências assustadoras
nos Estados Unidos. Uma é o analfabetismo. Há gente aprendendo por outros
meios - auditivo, visual. Não há a mesma pressão para ler de quando éramos uma
sociedade estritamente textual. A outra tendência é gente que sabe ler, mas não
lê. Só lê on-line, e-mails, blogs. Não faz leitura em
profundidade. Considero uma tendência assustadora.
Veja - A senhora lê livros digitais?
Roberta Shaffer - Leio de tudo. Viajo muito no meu
trabalho e, antes, levava sempre uma mala de livros. Agora, ando com meu
leitor eletrônico carregado de coisas que podem me interessar. Levo material
clássico, contemporâneo, pilhas de jornais e revistas. Mas, talvez devido a minha
idade, vejo que minha leitura eletrônica é superficial. Quando quero fazer uma
leitura densa, mais concentrada, prefiro recorrer aos livros impressos.
Veja - Qual o acervo da biblioteca em
termos de livros digitais?
Roberta Shaffer - É uma coleção pequena, ainda,
porque não colecionamos leitura popular, a menos que tenha algum valor para
pesquisa, nem material didático. Esses dois critérios excluem grande parte do
que está sendo produzido em formato digital. Mas temos um acervo de 158 milhões
de itens em mais de 420 línguas. Não temos apenas livros. Temos filmes, fotografias,
músicas, manuscritos, partituras, notações coreográficas, uma fenomenal coleção
de mapas. A biblioteca é aberta a todos, não cobramos nada nem perguntamos o
motivo da pesquisa. Qualquer um pode vir até aqui, qualquer um pode ver os
cadernos de Galileu, tocar numa carta escrita por George Washington. Acreditamos
que o conhecimento não é o domínio apenas da elite financeira ou intelectual.
Fico orgulhosa do meu país por oferecer isso. Considero a Biblioteca do
Congresso um exemplo fabuloso de democracia.
Ser Professor...
Não basta estar na sala de aula,
É preciso ter vocação.
Não basta ter o diploma,
É necessário saber ensinar.
Querer ensinar.
Estender os limites da paciência.
Ser amigo, antes de tudo.
Passar confiança.
Preocupação.
Esperança...
Ser o procurado pelo aluno:
O espelho para um novo reflexo.
Não basta transmitir conhecimento
E omitir sentimentos.
Não vale ser chamado de “tio” ou “tia”
E ficar emburrado.
Tem que assumir o papel.
Os papéis, se assim for necessário.
Afinal, somos um conjunto de tudo isto:
Somos família.
Passamos a fazer parte da família
Quando realmente aceitamos
O gratificante convite
Exposto pelo ser em formação.
Não basta estar professor.
E menos ainda, facilitador.
Deve ser influenciador.
E sempre lembrar:
Que só haverá resultados positivos
Se não deixarmos de produzir diariamente o alimento-motor:
O orgulho...
O orgulho de ser professor.
De contribuir na concretização do indivíduo.
Do cidadão.
O orgulho de poder ativar na sociedade
O ser pensante,
Que questiona,
Que influencia e altera resultados.
E que foi produzido no mais simples laboratório da vida social:
A “sala de aula”.
(Professor Jerlean
Carvalho)
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